Foto e redação: Riselda Morais
Segundo estudo “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil” da Abrinq, divulgado nesta terça-feira (24), 40,2%% das crianças e adolescentes, o que representa 17,3 milhões de jovens brasileiros vivem em situação de pobreza. As famílias vivem com rendimento per capita de até 1/2 salário mínimo.
Os que vivem com até 1/4 do salário mínimo, considerados na extrema pobreza são 13,5%, o correspondente a 5,8 milhões de jovens brasileiros.
Entre os crianças que vivem na pobreza 4 milhões vivem em favelas e 12,5% tem estatura abaixo da média.
No total de 206 milhões de brasileiros de todas as faixas etárias, 68 milhões são crianças, adolescentes e jovens de até 19 anos e cerca de 30% ou 55 milhões vivem em situação de pobreza e 18 milhões em situação de extrema pobreza.
Segundo o estudo, as regiões Norte e Nordeste apresentam os piores cenários, com 54% e 60% das crianças, respectivamente, vivendo em condição de pobreza, enquanto a média nacional é de 40,2% – definida por renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo.
A porcetangem de crianças e adolescentes que vivem na pobreza é de 40,2%, enquanto entre a população que vive em melhores condições financeiras a porcentagem de crianças e adolescentes é de 33%.
Relacionando 20 indicadores sociais, entre eles mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolaridade, trabalho infantil, saneamento básico, acesso a equipamentos de cultura e lazer, violência, entre outros, aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), compromisso global para a promoção de metas de desenvolvimento até 2030, do qual o Brasil é signatário junto a outros 192 países, o estudo mostra que “se não houver um investimento maciço em políticas sociais básicas voltadas à infância e para as populações mais vulneráveis o Brasil não vai conseguir cumprir algumas metas”.
Entre as metas difíceis de ser alcançadas, o estudo aponta a educação, 15% dos adolescentes abandonaram o ensino médio e o acesso à creche cuja meta é oferecer vagas para 50% das crianças de 0 a 3 anos de idade mas ainda oferece na verdade, vagas para apenas 27% das crianças nesta idade.
Segundo o estudo 17,5% das crianças nascidas em 2016 foram de mães adolescentes com menos de 17 anos e 1/3 delas não tiveram pré-natal adequado.
A erradicação do trabalho infantil e escravo até 2025, conforme acordo com a ONU, é outra meta que o Brasil não vai conseguir cumprir se não investir. Segundo o estudo, ainda existem 2,5 milhões de crianças em situação de trabalho em nosso país.
O relatório mostra também que 10.676 jovens com menos de 19 anos de idade, o correspondente a 18,4%, foram vítimas de homicídio em 2016.
O Nordeste apresenta a maior proporção de homicídios de crianças e jovens por armas de fogo (85%) e supera a proporção nacional, com 19,8% de jovens vítimas de homicídios sobre o total de ocorrências na região.
Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq alerta que “o melhor indicador da segurança pública é a evasão escolar zero” e que há uma relação direta dos altos índices de violência com as estatísticas de pobreza.
“A prova de que isso é uma relação direta é que, entre esses 10,6 mil crianças e adolescentes assassinados [em 2016], a maioria deles, mais de 70%, são jovens negros, pobres e que vivem em periferia. Portanto, são adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, ou seja, poderia ser evitado com investimento em enfrentamento da pobreza, melhorando a qualidade de moradia, educação e saúde”, afirma.