Segundo dados de um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, apresentado durante o 1º Fórum BID para o Desenvolvimento da Base da Pirâmide na América Latina e Caribe, na capital paulista, o Brasil é o único País emergente que registra crescimento econômico acompanhado de redução das desigualdades sociais.
“Em uma década, a renda real per capta dos mais ricos no Brasil cresceu 10%, enquanto a dos mais pobres aumentou 68%”, declarou o economista Marcelo Neri, responsável pelo levantamento. Ainda segundo o estudo da FGV, a taxa de crescimento da renda dos 20% mais ricos no Brasil é inferior à taxa registrada nos demais países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), simultaneamente, a taxa de crescimento da renda dos 20% mais pobres só é inferior a contabilizada na China.
Segundo dados do estudo, a probabilidade dos brasileiros da classe E migrarem para níveis mais altos da pirâmide social é de 53% para os que permaneceram na escola por 12 anos ou mais e de 27% para quem tem até um ano de estudo. A Educação, inflação baixa e aumento do salário mínimo contribuíram para a ascensão .
Desde 2003, 48,7 milhões de brasileiros entraram nas classes A, B e C - população maior que a da Espanha. O maior crescimento se deu nas classes A e B (12,8%), seguidas pela classe C (11,1%). E o processo tem acelerado, mesmo depois da crise financeira de 2009.
Nos últimos 21 meses, até maio deste ano, cerca de 13,3 milhões de pessoas ascenderam às classes médias no Brasil. “A educação é a grande política estrutural por trás disso”, explicou Marcelo Néri, coordenador do estudo Os Emergentes dos Emergentes: Reflexões Globais e Ações Globais para a Nova Classe Média Brasileira, divulgado aqui em São Paulo, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que mesmo sem considerar a política de aumento real do salário mínimo e a estabilidade econômica com inflação sob controle, a renda do brasileiro cresceria 2,2 pontos de porcentagem por ano só pelo efeito da educação.
Néri cruzou dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A renda do brasileiro vem crescendo desde o fim de 2003 e a desigualdade cai há dez anos.
A ascensão da classe C vem sendo observada desde a implementação do Plano Real. Passou de 45 milhões de pessoas, em 1993, para 105,5 milhões, este ano. “O trabalhador brasileiro está trabalhando mais porque se educou mais, está conseguindo trabalho formal e acho que ele é o grande herói dessa ascensão da classe média”, afirmou Neri.
A base da pirâmide, formada pelas classes D e E, por sua vez, ficou menor.
Em 2003, 96,2 milhões de pessoas faziam parte da base da pirâmide. Neste ano, o número passou para 63,6 milhões.
A principal explicação para o encolhimento da classe E, segundo a FGV, são os programas de transferência de renda para os mais pobres, como o Bolsa Família.
Néri comparou os dados brasileiros com o dos outros Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e mostrou que o País tem feito um esforço maior em distribuir renda. Embora a China e a Índia tenham um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) maior do que o brasileiro desde 1992, o rendimento domiciliar desses países cresce abaixo do PIB. Desde 2003, de acordo com a Pnad, a renda cresceu 1,8 ponto percentual ao ano acima do PIB, superior ao que ocorreu na China, onde o PIB tem crescido dois pontos percentuais por ano acima da renda dos domicílios chineses.
O estudo também avaliou que os brasileiros estão mais felizes e satisfeitos com a sua vida que os demais povos dos países do Brics, segundo o Gallup World Pool. Numa escala que varia de 0 a 10, a média brasileira de satisfação no ano de 2009 foi 7, enquanto atingiu 5,2 na África do Sul e 4,5 na China e na Índia. No ranking mundial de felicidade, o Brasil passou da 22ª posição em 2006 para a 17ª em 2009. Os outros Brics ficam abaixo da felicidade mediana entre 144 países analisados.
Estes dados reafirmam que para sair da base da pirâmide, crescer economicamente, o melhor caminho é a sala de aula, a educação sempre será a base de todo crescimento de uma sociedade, de um Estado, de um País.