Riselda Morais
A cidade de São Paulo conta com 47,3% dos médicos de todo o Estado, no entanto, faltam médicos nas periferias e as populações mais carentes estão desassistidas.
Segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da USP, 45% dos médicos que atuam nas UBS da Zona Leste deixam o emprego no primeiro ano e a maioria deles são recém-formados e sem especialização.
Segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da USP, 45% dos médicos que atuam nas UBS da Zona Leste deixam o emprego no primeiro ano e a maioria deles são recém-formados e sem especialização.
Quem precisa de tratamento médico e depende do atendimento nas UBS, muitas vezes, fica em situação de abandono.
As UBS trabalham com médicos generalistas, o tempo de espera para o paciente conseguir uma consulta é de meses, o que piora a saúde da população que não consegue trabalhar com prevenção, mas na tentativa de cura das doenças.
Para o paciente passar em consulta com um médico especialista é necessário primeiro agendar a consulta com o médico generalista na UBS, esperar alguns meses até a consulta; depois agendar os exames, esperar, fazer os exames e esperar o resultado; voltar a agendar consulta com o médico generalista, esperar mais alguns meses e, se for necessário esse médico dará encaminhamento para um médico especialista. O paciente fica na fila de espera mais alguns meses até conseguir passar em consulta com o médico especialista. Muitas vezes a doença já está em estado grave.
O problema burocraticamente cansativo se complica quando na UBS falta o médico generalista, este problema ocorre em muitas Unidades Básicas de Saúde na capital paulista, principalmente nas regiões mais periféricas.
Para não ter a justificativa de que “os médicos não querem ir trabalhar em lugares distantes e perigosos” usaremos como exemplo, o que acontece na UBS Vila Guilhermina – Doutor Américo Raspa Neto, que tem metrô próximo e que trabalha como todas as outras, com Estratégia Saúde da Família (ESF), uma porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), através de uma equipe multidisciplinar, que segundo o Ministério da Saúde, deve ser composta por no mínimo (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.
Na prática é bem diferente.
Na UBS Vila Guilhermina existem três equipes, cada uma responsável por um determinado trecho geográfico do bairro.
Pacientes entraram em contato conosco reclamando que: “meus exames deram uma alteração e estou na fila de espera para passar com especialista, sem previsão. Procurei a UBS para marcar com o clínico, informaram que a minha rua pertence a equipe 3 que está sem médico, há mais de seis meses e tudo o que podem fazer é agendar com uma enfermeira, ela olha os exames e se for necessário ela encaminha para o médico”, disse uma paciente que pediu para manter seu nome em sigilo.
Fui checar a informação e a história se repetiu. A UBS confirmou que a equipe está sem médico, mas não quis dar mais informações sobre os pacientes serem atendidos pela enfermeira.
Questionada sobre as dificuldades que os pacientes enfrentam até conseguir consulta médica a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria Regional de Saúde Sudeste informou que: “a Equipe de Saúde da Família (ESF) está ligada à Unidade Básica de Saúde (UBS) local e seu nível de atenção resolve 80% dos problemas de saúde da população. Se o usuário precisa de um cuidado mais avançado, a ESF realiza o encaminhamento”.
Quando questionada sobre o fato da UBS Vila Guilhermina não ter médico especialista em Ginecologia para a prevenção e saúde da Mulher e nem médico generalista na equipe 3, a SMS afirmou que: “Faz parte do escopo técnico de atuação dos médicos generalistas da ESF o acompanhamento da saúde da mulher, conforme protocolos da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e do Ministério da Saúde. Ela ainda afirmou que: “As unidades também contam com os ginecologistas e outros profissionais da equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF)”.
Segundo a SMS, as vagas ocupadas pelo Programa Mais Médicos estão sendo preenchidas com novas contratações e que os profissionais que atuavam pelo Programa e que possuem a inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) poderão ser contratados através de processo seletivo realizados pelas Organizações Sociais (OS) que atuam na capital paulista em parceria com a Prefeitura de São Paulo.