Riselda Morais
O consumidor final tem mesmo que pagar por tudo que os atravessadores decidem pelo meio do caminho?
Sempre me questionando e reclamando do alto preço do combustível a cada vez que vou completar o tanque, decidi tentar entender porque tenho que pagar mais caro.
Segundo a tabela de preços médios da gasolina às distribuidoras sem tributo da Petrobras em 08/02/2018 a gasolina A chegava às refinarias ao preço de R$ 1,5732 o litro. Desde então foi um festival de 42 aumentos e 37 reduções no preço da gasolina A, pura, sem etanol, chegando hoje, 26/06/2018 a R$ 1,8783 o litro da gasolina A para as refinarias.
Do lado de cá, nós consumidores finais, estamos encontrando hoje, nos postos de combustíveis de todas as regiões da cidade de São Paulo, a gasolina C, mais conhecida como comum, ao preço que varia entre R$ 4,099 e R$ 4,199.
Gasolina caríssima e na maioria dos postos adulterada, de péssima qualidade. É colocar e o motor falhar. Aí me pergunto: Será gasolina C mesmo, ou vai de A a Z?
Mas antes da greve dos caminhoneiros estávamos encontrando, na maioria dos postos da Zona Leste da capital paulista, a uma média de R$ 3,799 o litro da gasolina C.
Para baixar R$ 0,46 centavos no preço do diesel que em 08/02/2018 custava as refinarias R$ 1,8165, oscilou chegando ao preço máximo de R$ 2,3716 o litro em 25/05/2018 e hoje 25/06, segundo a tabela da Petrobras chega nas refinarias ao preço de R$ 2,0316, os caminhoneiros precisaram parar o país. Em contrapartida o preço da gasolina disparou, todos se aproveitaram para ganhar mais e quando a greve acabou mantiveram os preços altos.
Como assim... a Petrobras reduz os preços e os descontos não chegam ao consumidor final. Porque?
Em uns postos de gasolina a justificativa é que as distribuidoras não estão repassando os descontos. Em outros postos dizem que o preço cobrado pelos postos não está diretamente ligado ao preço da Petrobras.
Como ainda tenho a capacidade de ficar indignada com aquilo que não considero justo, precisei entender mais sobre a política de preços do combustível para não me sentir tão explorada ao abastecer.
Segundo a Petrobras, a gasolina comum que utilizamos em nossos veículos é composta por 73% de gasolina A e 27% de Etanol Anidro.
Os preços que pagamos na bomba inclui custo da produção ou importação, carga tributária, custo do Etanol Anidro e margem de comercialização (distribuição e revenda).
Funciona mais ou menos assim. A gasolina que compramos no posto, que é o revendedor, é a gasolina “C”, composta por uma mistura da gasolina “A” (pura) com Etanol Anidro. As distribuidoras compram a gasolina pura “A” das refinarias da Petrobras e o Etanol Anidro das usinas produtoras, misturam os dois produtos formulando a gasolina comum.
Apesar de termos constantemente problemas com postos de combustíveis que vendem gasolina com até 80% de metanol, existe uma regulamentação para a quantidade e o tipo de mistura permitida fiscalizada pela ANP.
O Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA) determina que a proporção do Etanol Anidro permitida na mistura da gasolina A, para formular a gasolina C pode variar entre 18% e 27%.
Pensando do poço ao posto, no preço de cada litro de gasolina estamos pagando 31% de realização da Petrobras; 15% de CIDE e PIS/PASEP e CONFINS; 27% de ICMS; 11% o custo do etanol anidro e 16% distribuição e revenda. Em cada litro de gasolina pagamos 42% de impostos, considerando o preço mais encontrado nos postos aqui em São Paulo que é R$ 4,199, deste R$ 1,7635 por litro vai para o Governo.
Nossa vida seria bem mais fácil se não pagássemos tantos impostos para ver nosso dinheiro investido em corrupção.
A gasolina abastece 60% dos 43,4 milhões de veículos da frota brasileira e o mercado deste produto, do produtor ao consumidor final é regulamentado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pela Lei Federal 9.478/97 (Lei do Petróleo). Uma vez flexibilizado o monopólio do setor, tornando o mercado de combustíveis aberto no Brasil, desde 2002 as importações de gasolina foram liberadas e o preço passou a ser definido pelo mercado.