Brasileiros sofrem os efeitos danosos da corrupção no País
Riselda Morais
O Brasil tem vivido um verdadeiro furacão, cujos ventos da corrupção tem derrubado os alicerces políticos, destruido o mercado financeiro, tirado o pouco que os brasileiros tinham de acesso a educação, abandonado o falido sistema de saúde e aumentado o desemprego em todas as regiões do País.
Abandonados os princípios da moralidade e da legalidade, o que deveria ser governança e transparência transformou-se em uma desventurada ameaça a população, envolta a um mar de lama contaminada pelo egoísmo, ganância, desrespeito, imoralidade e falta de ética, alimentados pela ambição e fome de poder a qualquer custo. “Duela a quien duela”. E dói mesmo ver o País tendo seus recursos desviados, usurpados, desperdiçados enquanto a população sofre com a inflação, o aumento da pobreza, o desemprego, a falta de acesso à saúde, a educação, a má qualidade no transporte.
No mundo das cifras, onde se fala de milhões e bilhões, corruptos e corruptores se favorecem de propinas, fazem mal uso do dinheiro público e superfaturam obras. A única lei que percebe-se aplicada no danoso mundo da corrupção formado por presidentes, ministros, senadores, deputados, governadores e prefeitos é a “lei de Gerson”, segundo a qual deve-se sempre “levar vantagem em tudo”.
O lamaçal da corrupção está presente em todas as formas de poder visando o enriquecimento ilícito e deixando que cada brasileiro se pergunte: - No final ficará alguém? - Nosso voto lhes deu o poder... somos vítimas ou cumplices?
Há os que obtem valores que não são devidos através de favorecimentos. Há político que paga pelo voto. Há funcionário que lança mão do dinheiro público. Há quem compre o silencio do outro. Há negociatas de todos os tipos em troca de apoio político. Há os que querem o poder a qualquer custo. Há os que já tem o poder mas são capazes de tudo para se manter nele. Há os que já são muito ricos mas querem cada vez mais dinheiro. Há os que vieram de bases menos favorecidas e visam enriquecer. Só não sabemos se há alguém que vise governar o País com dignidade, respeito a população, que aplique o dinheiro público nos direitos fundamentais, direitos sociais básicos garantidos pela Constituição ao cidadão como educação, saúde, emprego, transporte e habitação.
O brasileiro é cúmplice quando pensa eu faria o mesmo ou quando em pequenos atos diários também só tenta levar vantagem.
É vitima quando vota na esperança de um Brasil melhor e recebe serviços públicos ineficazes. Quando ao tentar uma colocação no mercado de trabalho não consegue; quando vê-se desempregado tendo que pagar água, luz, alimentar a família, e quando não consegue pagar o aluguel é despejado, lá se vai uma família para debaixo de uma ponte; quando tenta colocar os filhos na creche e não tem vaga; quando não tem vaga na escola; quando não tem transporte escolar; quando um membro da família fica doente e ao procurar um hospital não tem pediatra, ginecologista, especialista de plantão; quando espera meses por uma consulta; quando espera horas para ser atendido; quando ao ser internado fica em uma maca no corredor do hospital.
A corrupção no Brasil tem registros desde o século XVI no período da Colonização portuguesa, quando os funcionários públicos encarregados de fiscalizar contrabando e outras transgressões contra a coroa, ao invés de cumprir suas funções praticavam o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, ouro, diamante, especiarias e tabaco.
Depois, em 1850, com o tráfico de escravos, estimulados por políticos como o Marquês de Olinda e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, ao comprarem escravos recém-chegados da África, usando-os em suas propriedades.
A corrupção eleitoral vem desde o Brasil Império (1822-1889) quando o alistamento de eleitores era permitido apenas para aqueles que tivessem uma determinada renda mínima e ficou mais forte no Brasil República (1889) com o voto de “cabresto” quando um latifundiário apelidado de “coronel” impunha coercitivamente o voto desejado aos seus empregados, agregados e dependentes. Havia a venda de voto ao empregador e troca de voto por par de sapatos (no dia da eleição o eleitor ganhava um pé do sapato e somente após a apuração das urnas o coronel entregava o outro pé).
A corrupção de concessão de obras públicas surgem no Brasil República quando Visconde de Mauá, recebeu licença para a exploração de cabo submarino e a transferiu a uma companhia inglesa da qual se tornou diretor.
Nas últimas décadas a corrupção se tornou mais visível aos olhos da população. Ela contaminou a política brasileira, os grandes partidos e grandes empresários em um jogo de favorecimento entre corruptos e corruptores com enriquecimento ilícito para uso próprio, para os partidos, para comprar apoio político, para comprar o silencio de delatores, para caixa 2 e fundos de campanhas políticas. Sendo mais percebida, tem sido mais combatida através das operações Anões do Orçamento (década de 80 e início dos anos 90); Jorgina de Freitas (1991); Juiz Lalau e o TRT-SP (1992-1998); Banestado (1996); Banco Marka (1999); Vampiros da Saúde (1990-2004); Navalha na Carne (2007); Zelotes (2015); Fundos de Pensão (2015); e a Operação Lava Jato que já dura mais de dois anos e tornou-se a maior operação de combate a corrupção da história do Brasil.
Hoje o Brasil sofre as graves consequencias da corrupção e a população vai para as ruas protestar, mostrar sua insatisfação e indignação em um clamor coletivo e moral pela transparência e responsabilidade da coisa pública. Cabe a mídia e a população, cobrar mais, fiscalizar aqueles a quem deram o poder através da influencia e do voto.