Riselda Morais
Bonita, com personalidade forte, guerreira! Eis a mulher brasileira.
Ainda bem que somos guerreiras, porque temos muitas lutas diárias e muitos motivos para lutar.
Conquistando cada dia mais espaço no mercado de trabalho, muitas vezes em mercados que têm o estigma de ser exclusivamente masculino e buscando, cada vez mais, ter grau de escolaridade mais alto e maior independência financeira, as mulheres brasileiras ainda têm um longo percurso na luta pela igualdade de gêneros.
Apesar da evolução na área profissional, as mulheres ainda são minoria em cargos de chefia e de diretoria nas empresas e, mesmo quando uma mulher ocupa um alto cargo, no mesmo nível que um colega do sexo oposto, dentro da empresa, ela ganha em média 15% a menos que o colega do sexo masculino. Em alguns cargos e áreas esta diferença chega a 53%. Essa disparidade salarial já não mais deveria existir uma vez que as mulheres geralmente têm maior nível de escolaridade.
Segundo dados do IBGE, entre os gêneros, na faixa etária de 25 a 44 anos de idade, o percentual de homens que terminaram o ensino superior é de 15,6%, enquanto o de mulheres é de 21,5%. Nas remunerações, o rendimento habitual médio mensal das mulheres é de R$ 1.764 e o dos homens é de R$ 2.306. Ou seja, as mulheres seguem recebendo cerca de 3/4 do que os homens recebem.
Além da diferença no nível educacional e da diferença salarial, a mulher ainda tem que se defender do preconceito e do assédio tanto moral quanto sexual, no trabalho, no transporte público, nas ruas e nas redes sociais.
Segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, quase dois milhões de mulheres, o correspondente a 25% das mulheres que moram na capital paulista já sofreram assédio no transporte público, a maioria com idade entre 16 e 34 anos e renda familiar de mais de cinco salários mínimos.
No ambiente de trabalho, 16% das mulheres já foram assediadas e 19% das entrevistadas relataram ter sofrido preconceito ou discriminação no trabalho por ser mulher.
Diante da crise econômica, as mulheres são as principais vítimas, dos 18% de desempregados na capital paulista, cerca de 1,76 milhão de pessoas, 58% são mulheres.
A Pesquisa apontou que nas ruas, 13% das mulheres já passaram por abordagens desrespeitosas, cantadas grosseiras, foram agarradas ou beijadas sem consentir e 27% das mulheres que vivem em São Paulo têm medo de sofrer violência sexual.
A pesquisa também demonstrou que 33% das mulheres têm medo de sair à noite e 62% temem a violência de forma geral. Entre os homens, esses números atingem 25% e 54% dos entrevistados, respectivamente.
No mundo virtual não é diferente. Uma pesquisa do Instituto Avon realizada entre 2015 e 2017, registrou um aumento de 324% nas menções de assédio contra as mulheres no ambiente online (Facebook, Twitter e Instagram). As denúncias de importunação virtual cresceram 26.000% no mesmo período.
Já as citações de violência contra a mulher no ambiente online cresceram 211% durante a pesquisa.
O Brasil tem 135 casos de estupros por dia, 49.275 mulheres são violentadas por ano.
Dados do ministério da Saúde apontam que os casos de estupro coletivo, mais que dobraram nos últimos anos, saltando de 1.570 casos, em 2011, para 3.526, no ano passado, uma média de 10 casos por dia, em todo o país.
Ocupando o 5º lugar no ranking de 83 países com maior índice de violência contra as mulheres, o Brasil tem uma média de 12,2 mulheres assassinadas por dia, duas mulheres assassinadas por hora. Em 2017 foram assassinadas 4.473 mulheres em todo o País.
O combate à discriminação contra mulheres e meninas e a busca pela igualdade de gêneros, é um grito mundial, é uma luta constante de todas as mulheres por toda a vida. A violência contra a mulher afeta todas as classes sociais, todas as etnias, todas as regiões, todos os países, todo o mundo.
Apesar dos padrões culturais estarem sendo amenizados, as barreiras na vida das mulheres estarem sendo lentamente derrubadas, ainda estamos na sombra da montanha, galgando lentamente, com o objetivo de chegar ao cume.