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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Brasil no Mapa da Fome

 Riselda Morais


Morrer de vírus ou morrer de fome? Questionam-se mais de 10,3 milhões de brasileiros que passam fome no Brasil.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a extrema pobreza que havia reduzido por uma década, a ponto de tirar o Brasil do Mapa da Fome, voltou a se alastrar pelo país e a falta de alimentos básicos atinge 7,7 milhões de pessoas  moradores da área urbana e 2,6 milhões da área rural.

O número de pessoas em extrema pobreza aumentou milhões entre 2018 e 2020, levando o Brasil de volta rumo ao Mapa da Fome.

A insegurança alimentar atinge 43,1 milhões de brasileiros. 

Ao mesmo tempo, o desemprego atinge mais de 14 milhões, sem contar os desalentados, que são aquelas pessoas que, apesar de terem condições e interesse de trabalhar, sucumbiram a crise e desistiram de tentar um emprego com carteira assinada. Esse grupo cresceu 24,2%, mais de 1,1 milhão de pessoas, em relação ao mesmo período do ano passado.

  A pandemia da COVID-19 agravou a fome no Brasil, mas não foi ela quem levou milhões de brasileiros a ficarem sem arroz e feijão na mesa e sim a somatória de vários fatores em efeito dominó.

Entre os diversos fatores que levaram milhões de brasileiros a extrema pobreza posso citar:

- Desemprego; 

- Desmonte da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento;

- Queda de 95% na comercialização de alimentos produzidos pela agricultura familiar, por meio do PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, caiu de 297 milhões de toneladas em 2012 para 41,3 milhões em 2019 e reduziu o programa de 128.804 famílias agricultoras atendidas para 5.885 famílias no mesmo período; 

- Real desvalorizado;

- Aumento na exportação;

- A pandemia da COVID-19;

- Inflação, aumento de preços abusivos em todos os produtos da Cesta Básica; 

- Corte da metade do valor do Auxílio Emergencial.

O que muitos brasileiros não sabem é que o Auxílio Emergencial é previsto na Constituição pelo chamado Orçamento de Guerra, isto quer dizer que, trata-se de um regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento de calamidade pública, independente de qual presidente esteja no Planalto, esse recurso sempre estará lá, é do povo e para o povo.

Vale ressaltar também que, se o governo reduzir os impostos da importação de arroz, estaremos comprando o nosso arroz que foi vendido para outro país e volta para nosso Brasil mais barato do que estão nos vendendo. Como acontece com a gasolina.

Na safra de arroz 2019/2020 no Brasil foram colhidas  11.183,4 milhões de toneladas (cada tonelada  tem 1.000 quilos); teve um aumento de 6,7% em relação a safra anterior.

   No mesmo período, o feijão teve a primeira safra colhida com 1.105,6 toneladas; a segunda safra colhida com 1.244,7 toneladas do grão e a terceira safra que está em fase de maturação estimada em 879,8 mil toneladas; totalizando  3.230,1   toneladas, segundo dados do Observatório Agrícola da Conab. Trata-se dos alimentos básicos da dieta diária dos brasileiros.

  O arroz e o feijão são o principal alimento da mesa das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade e com insegurança alimentar. Assim como o leite, é portanto, os alimentos que jamais poderiam ter preços abusivos, independente de ter aumento na procura, ou não.

Um bom exemplo de preços abusivos são as carnes. Conforme colocaram o preço abusivo para carnes de primeira e a população passou a consumir a carne de segunda, aumentaram também o preço até das vísceras que estavam sendo a fonte de proteína da população mais carente.

O Brasil é um grande produtor de grãos, mas é muito mal administrado, além de muito roubado também. E enquanto uma pequena porcentagem fica cada vez mais rica por ganância, milhares de brasileiras e brasileiros passam fome e vivem a angustia da incerteza do amanhã.

O que podemos fazer:

- Não desperdiçar alimentos.

- Comprar dos pequenos agricultores.

- Comprar do comércio do seu bairro.

- Cobrar políticas públicas de combate a desnutrição, a fome e distribuição de alimentos a pessoas em extrema pobreza.