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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A Democracia sob ameaça!

Ódio, intolerância e extremismo são destilados publicamente em palanques e redes sociais

Riselda Morais



       Os últimos acontecimentos na política, nos governos, nas redes sociais e nas ruas tendem a nos mostrar que a Democracia no Brasil está sofrendo ataques constantes, ameaçada em sua legitimidade. Derivada do grego “demokratia”, demos = povo, kratos = poder, a democracia é o “Poder do povo”.
      Cresci com essa linda frase na cabeça: “A Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Cresci com a convicção que na democracia não pode haver desigualdades e nem exclusões. 
     Muitas ações políticas dos últimos anos vêm tirando do povo a soberania. Em muitas importantes ações políticas, as decisões foram baseadas em interesses puramente políticos, em prol de si mesmos e não do povo. A ilegitimidade dos atos, dos votos e das ações se transformaram em uma fúria antidemocrática no país.
    Em contrapartida, as pessoas mais pobres sofrem as cruéis consequências de não ter acesso à educação ou saúde de qualidade, não tem boas condições de moradia e nem qualidade de vida. São mais de 52 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza, submetidos a fome e a falta de tudo. Isto é exclusão.
     Enquanto cerca de 13,7 milhões de famílias sofrem essa exclusão e são auxiliados com o “Bolsa Família”, a mísera ajuda de custos de cerca de R$ 159,32 para quem mora em São Paulo, por exemplo, cujo total do benefício é de cerca de R$ 2,4 bilhões, ainda são taxadas nas redes sociais de ser responsáveis pela má situação do país. Uma inverdade e uma injustiça com os pobres brasileiros. Os custos dos impostos que estamos pagando não está indo para os pobres e sim para os ricos.
     O Bolsa-empresário premiou grandes empresários, nos últimos 14 anos, com R$ 1 trilhão, destes R$ 420 bilhões foram para o setor produtivo. Enquanto os programas sociais receberam no mesmo período apenas R$ 372 bilhões. 
Entre 2016 e 2018, enquanto o governo estava preocupado com a reforma da Previdência, em fazer o trabalhador brasileiro trabalhar mais tempo para poder se aposentar, simplesmente ignorou que as grandes empresas devem mais de R$ 426 bilhões ao INSS, três vezes o valor do déficit da previdência. 
     Neste mesmo período, um pequeno grupo de grandes empresas foram beneficiadas com a redução de tributos no valor de R$ 840 bilhões. Mas o pequeno e o micro empresário sofreu aumento em seus tributos e muitos comércios, diante da crise política e financeira, fecharam suas portas. As grandes empresas, grandes privilégios, as pequenas empresas que financiem seus juros subsidiados. Estas são grandes desigualdades que foram aprovadas por pessoas eleitas pelo povo, para governar para o povo e não cumprem seu papel.
     Saíamos da superficialidade dos ataques a democracia e cheguemos ao fenômeno da fúria antidemocrática, manifestações que evocam atos de força em discursos, comícios, ruas e redes sociais. Cheguemos aos presidenciáveis. 
     Enquanto por um lado, a maioria do povo trabalhador, expõe suas intenções de voto a um candidato que se encontra preso, mas que tem em seu discurso o desejo de paz e de combater a pobreza, mesmo que sua luta pela liberdade, seja evidentemente em vão, até passar as eleições. No outro lado, tem-se o oposto, um candidato que faz ameaças com gestos de “fuzilamento” e incita o povo ao crime, com discursos de ódio, preconceitos e em defesa da liberação de armas. Violência incitada no Acre. Violência sofrida em Juiz de Fora em Minas Gerais em forma de facada. Estes são dois exemplos de grandes ataques a democracia brasileira.
     Vivemos um processo de ódio insuflado nas plataformas políticas que repercutem no comportamento do povo nas ruas e nas redes sociais. Todos têm seus seguidores e têm aqueles que lhes aprovam.
     O que preocupa é a intolerância, a não aceitação de opiniões diferentes. Pode-se aceitar a opinião de outra pessoa sem concordar com ela. Pode-se conviver com pessoas de opiniões, pensamentos e ideias divergentes as nossas, basta respeitar o livre direito de escolha e a liberdade de expressão.

    Chega de discussões acaloradas em redes sociais. Chega de ódio, racismo, intolerância e extremismo. Respeite as escolhas dos outros para que as suas sejam respeitadas.
 Pense e vote bem.