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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Ciclo de violência contra a mulher tem três fases

Riselda Morais


Quando uma mulher se apaixona, tudo que ela quer é viver um grande amor, constituir família, ter um lar. Mas para muitas mulheres este sonho torna-se pesadelo, para umas ainda na fase de namoro e para outras só depois do casamento. Este pesadelo vivido por muitas mulheres não se restringe as brasileiras, mas a mulheres de muitas outras nacionalidades e culturas. Um dos casos mais comentados neste mês de fevereiro é o da Mulher da Etiópia, com 18 anos e grávida de três meses, que sofreu estupro coletivo por sete homens no Sudão, a princípio a vitima foi impedida de fazer a acusação formal contra o crime, mas como um deles filmou e divulgou, todos foram presos, inclusive a vítima, acusados de comportamento indecente e produção e distribuição de material indecente e para ela também por prostituição e adultério, com isto tiraram a responsabilidade dos agressores e colocaram a culpa na vítima e o pior é que adultério lá tem como sentença a morte por apedrejamento.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 1/3 das mulheres em todo o mundo, sofrem agressões físicas e abusos sexuais de seus maridos ou namorados que resultam em ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças psicológicas e para muitas a morte sendo que mais de 600 milhões dessas mulheres vivem em países onde a violência doméstica não é considerada um crime, isto significa impunidade.
Aqui não muda muito, o que muda é a forma do feminicídio e esta é uma das principais preocupações das mulheres brasileiras que sofrem mais agressões dentro de casa do que fora. O Brasil ocupa o 7º lugar no ranking de 84 países onde mais se matam mulheres. São cerca de 700 mil brasileiras alvo de agressões dos companheiros, sendo os principais fatores para motivos das agressões os ciúmes e o álcool.
O ciclo de agressões de tais “homens“ contra as companheiras ou namoradas é composto de três fases:
- A primeira fase é composta por crises de ciúmes, agressões verbais, xingamentos e destruição de objetos;
- A segunda fase com explosões de violência, as brigas e discussões chegam ao limite levando a agressão física.
- Na terceira fase, o agressor demonstra arrependimento e medo de perder a companheira, passa a tentar agradar a vítima e muitas vezes ela faz as pazes acreditando que a agressão não vai se repetir e, muitas vezes, além de se repetir é de uma forma que leva-a a morte.
Este é o mal feminino, perdoar aquele que lhe agride e quando perdoa ela participa do ciclo de violência contra si mesma. É na primeira fase desse ciclo violento, o das agressões verbais que a mulher deve repensar seu relacionamento e ver se vale a pena continuar, pensar as consequências para ela para os filhos (se os tem). Ao sofrer ataques verbais e ameaças, a mulher já tem direito a uma rede de apoio, tem direito a psicólogos, assistente social e de afastar o agressor de casa, antes que chegue a fase da agressão física, afinal, é nessa fase que os muitos Boletins de Ocorrência que ela faz, acaba não conseguindo protegê-la, até que as agressões acabam levando-a ao óbito. 
Precisa a sociedade libertar-se da idéia que mulher gosta de apanhar e percebê-la como uma vítima que se acha fraca diante da situação, que muitas vezes é chantageada pelo ex ou companheiro que ameaça matar seus filhos, seus pais, sua família se ela o deixar. 
Precisam os machistas perceberem que a mulher não é sua propriedade, não é obrigada a se submeter a tudo que querem e muito menos aos seus maus tratos. 
Precisam as mulheres, perder a vergonha que sentem de dizer que sofrem agressões de seus ex ou atuais companheiros, se encorajar e perceber-se fortes para denunciar, jamais deixar de lado, pois o silêncio pode ser o pior inimigo em casos de violência doméstica, quanto mais você mulher silenciar, mais será agredida e mais a impunidade reinará e a consequência do silêncio diante das agressões pode ser a sua morte. Se uma mulher agredida pedir medida protetiva e for deferida, se o agressor descumprir a ordem judicial, principalmente se ele se aproximar dela poderá ser preso, mesmo após uma injúria. Denuncie!
O Ligue 180, da Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas, no ano passado, registrou mais de 300 mil queixas de mulheres de todo o Brasil, a ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone. 
Mulher, lembre-se que você é capaz de se cuidar, se sustentar e de viver bem e que em caso de violência doméstica o silêncio é seu pior inimigo.