Dilma Roussef e Barack Obama fecham 10 acordos entre o Brasil e Estados Unidos nas áreas econômica, comercial, de transporte aéreo, esportiva, educativa, de trabalho e energética |
O presidente americano, Barack Obama, desembarcou por volta das 7h31m do sábado 19/03, na Base Aérea de Brasília com sua mulher Michelle e as filhas Sasha e Malia, sob forte aparato militar, com cerca de três mil homens, envolvendo exército, policias civil, militar e federal, além de agentes de segurança norte-americanos. Por volta das 10h:28m, Obama passou as tropas em revista antes de subir a rampa e foi recebido no Palácio do Planalto pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, após execução dos hinos brasileiro e americano, posou para fotos ao lado de Dilma e cumprimentou ministros e autoridades presente.
Em pronunciamento realizado no Salão Leste do Palácio do Planalto , Dilma pediu ‘relações justas e equilibradas’ ao presidente americano, criticou as barreiras impostas a produtos brasileiros como etanol, algodão e suco de laranja e ressaltou as diferenças e contradições no relacionamento entre os dois países ‘para haver bom relacionamento é preciso encarar nossas contradições’, disse a presidenta. "Sua visita carrega forte valor simbólico, pois os povos de Brasil e Estados Unidos fizeram desses países as duas maiores democracias das Américas", afirmou Dilma. "Povos que ousaram, levaram a seus mais altos postos um afro-descendente e uma mulher, gerando um rompimento de barreiras, rumo a sociedades mais generosas e harmônicas", enfatizou e antes de dar as boas-vindas a Barack Obama a presidenta afirmou: "Só a relação que não seja unilateral produzirá a paz entre povos. Este país, o Brasil tem compromisso com a paz que não é conjuntural, é integrante de nossos valores".
O presidente americano Barack Obama falou sobre o objetivo da viagem ‘Estamos aqui para facilitar um diálogo real e efetivo’ e referiu-se a sua visita como histórica "Criamos base de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, como o G20, fórum de cooperação para ter certeza que países como o Brasil terão voz no mundo. E é por isso também que vim aqui hoje", e afirmou "O Brasil é um de nossos principais parceiros comerciais, mas ainda há muito que possamos fazer. Vamos discutir hoje no que podemos avançar, quais são as etapas que vão se expandir em nossas relações econômicas. Queremos colaborar na área de ciência e tecnologia, na Copa e nas Olimpíadas. As empresas americanas podem ter papel nos projetos de infraestrutura necessários" quanto as barreiras aos produtos brasileiros Obama afirmou que os Estados Unidos têm interesse em ser um grande consumidor das fontes renováveis desenvolvidas pelo Brasil "o que o Brasil quer é ser fornecedor estável de petróleo, e os Estados Unidos querem ser seu maior cliente" e afirmou partilhar do espírito de Dilma de estar comprometida em dar oportunidade a todo o povo para que possam progredir.
Foram assinados 10 acordos entre o Brasil e Estados Unidos nas áreas econômica, comercial, de transporte aéreo, esportiva, educativa, de trabalho e energética.
No Rio de Janeiro, Obama surpreendeu ainda mais, ao invés de discursar para pouco mais de dois mil convidados como estava previsto, o presidente americano preferiu falar para as câmeras, falou ao povo com muita simpatia, fez elogios ao Brasil, cumprimentou em português: ‘Olá, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa! Boa Tarde, todo o Povo Brasileiro’, e agradeceu a acolhida do povo brasileiro. ‘Desde o momento em que chegamos, as pessoas deste país têm mostrado graciosamente a minha família o calor e a generosidade do espírito brasileiro. Obrigado! ’.
Obama lembrou que a primeira impressão que teve do Brasil, ainda era criança, quando assistiu o filme ‘Black Orpheus’ - Orfeu Negro - com sua mãe, lembrou o cenário, o canto, a dança e as belas colinas e declarou ‘Minha mãe já se foi, mas ela nunca imaginou que a primeira viagem do filho para o Brasil seria como o presidente dos Estados Unidos. E eu nunca imaginei que este país seria ainda mais impressionante do que era no filme. Está, como Jorge Ben Jor, cantou "Um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza". Eu vi a beleza nas encostas, em cascata, na sua infinidade de areia e mar e no encontro vibrante de diversos brasileiros que vieram aqui hoje’, disse.
Obama lembrou que o encontro com a presidenta Dilma Rousseff foi para falar sobre como fortalecer a parceria entre os governos e disse que com o povo quer fortalecer a amizade. ‘Hoje, quero falar diretamente ao povo brasileiro sobre como podemos fortalecer a amizade entre nossas nações. Eu vim para falar dos valores que partilhamos, as esperanças que temos em comum e a diferença que podemos fazer juntos.’
Segundo Obama, a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil e estabelecer um posto diplomático foi Estados Unidos e Dom Pedro II foi o primeiro líder brasileiro a visitar os Estados Unidos. Ele falou da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura Militar no Brasil. ‘Na Segunda Guerra Mundial, os nossos bravos homens e mulheres lutaram lado a lado para a liberdade. Depois da guerra, tantos das nossas nações lutaram para conseguir as bênçãos da liberdade. Nas ruas dos Estados Unidos, homens e mulheres marcharam e sangraram de modo que cada cidadão pudesse usufruir das mesmas liberdades e oportunidades - não importa o que parecia ou de onde você veio. No Brasil, você lutou contra duas décadas de ditaduras para o mesmo direito de ser ouvido - pelo direito de ser livre do medo e livres da pobreza. E ainda, durante anos, a democracia e o desenvolvimento foi lento para tomar posse, e milhões sofreram em conseqüência. Aqueles dias se passaram’, afirma Obama.
Sem pronunciar o nome, Obama falou do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do desenvolvimento do Brasil como extraordinário. ‘O Brasil é hoje uma democracia florescente - um lugar onde as pessoas são livres para expressarem as suas idéias e escolher seus líderes, onde um garoto pobre de Pernambuco pode subir a partir do chão de uma fábrica de cobre para o cargo mais alto no Brasil. Durante a última década, os progressos realizados pelo povo brasileiro tem inspirado o mundo. Mais da metade deste país agora é considerado de classe média. Milhões de pessoas foram retiradas da pobreza.’
Obama declarou que os Estados Unidos pretende se posicionar com o Brasil em conjunto, como iguais, unidos em um espírito de interesse e respeito mútuo, comprometidos com o progresso que podem ter juntos. ‘Meus Amigos, esse dia finalmente chegou. E este é um país do futuro, não mais. Para o povo do Brasil, o futuro já chegou’ e citou algumas parcerias, o que os dois países podem realizar juntos - ‘Precisamos de uma força de trabalho capacitada, educada, razão pela qual as empresas americanas e brasileiras se comprometeram a ajudar a aumentar o intercâmbio de estudantes entre as nossas nações.
- ‘Precisamos de um compromisso com a inovação e tecnologia, razão pela qual nós concordamos em expandir a cooperação entre os nossos cientistas, pesquisadores e engenheiros’.
- ‘Precisamos de infra-estruturas de classe mundial, razão pela qual as companhias americanas querem ajudar a construir e preparar a cidade para um sucesso olímpico’. ‘Em uma economia global, os Estados Unidos e o Brasil devem ampliar o comércio e o investimento para que criem novos empregos e oportunidades em ambas as nossas nações. É por isso que estamos trabalhando para quebrar as barreiras para fazer negócios, e é por isso que estamos construindo relações mais próximas entre nossos trabalhadores e empresários’, disse Obama e completou ‘Juntos, podemos promover a segurança energética e proteger nosso belo planeta. Como duas nações comprometidas com economias mais verdes, e nós sabemos que a solução definitiva para o nosso desafio energético encontra-se em energia limpa e renovável. É por isso que metade dos veículos neste país podem ser executados em biocombustíveis, e a maioria de sua eletricidade vem de energia hidrelétrica. É por isso que temos um súbito impulso de uma indústria de energia limpa na América. E é por isso que os Estados Unidos e o Brasil são a criação de parcerias de energia nova - para compartilhar tecnologias, criar novos empregos, e deixar aos nossos filhos um mundo mais limpo e seguro do que o encontramos’.
Obama falou também da segurança das nações, do combate ao tráfico de drogas e a fome. ‘Juntos, os nossos dois países podem ajudar a defender a segurança dos nossos cidadãos. Estamos trabalhando em conjunto para parar o narcotráfico que tem destruído muitas vidas neste hemisfério. Buscamos a meta de um mundo sem armas nucleares, e estamos trabalhando juntos para melhorar a segurança nuclear em nosso hemisfério. Da África para o Haiti, nós estamos trabalhando lado a lado para combater a fome, doenças e corrupção que pode apodrecer a sociedade e roubar os seres humanos da dignidade e oportunidade. E hoje, estamos entregando a assistência e apoio ao povo japonês em sua hora de maior necessidade’, afirmou o presidente americano.
Obama falou ao Brasil de paz e prosperidade ‘Nestes e em outros esforços para promover a paz e a prosperidade em todo o mundo, os Estados Unidos e o Brasil são parceiros, não só porque partilhamos uma história ou um hemisfério, não apenas porque compartilhamos laços de comércio e cultura, mas porque nós compartilhamos certos valores duradouros e ideais. Nós acreditamos no poder e na promessa de democracia. Sabemos que diferentes nações tomam caminhos diferentes para realizar a sua promessa, e que nenhum país deve impor sua vontade sobre outro’, afirmou e ao falar da democracia e da necessidade de mudança foi filosófico: ‘Sempre que a luz da liberdade está acesa, o mundo se torna um lugar mais brilhante.’
Obama finalizou o pronunciamento dizendo que o Brasil é um exemplo para outros países e lembrou que uma das jovens que lutava contra a ditadura e pela democracia é hoje a nossa presidenta. ‘Brasil - um país que mostra que uma ditadura pode se tornar uma democracia florescente. Brasil - um país que mostra que a democracia oferece liberdade e oportunidade para seu povo. Obama se referiu ao movimento contra a ditadura como ‘chamada para mudança’. ‘Estudantes e artistas e líderes políticos de todos os matizes se reuniam com bandeiras que diziam "Abaixo a Ditadura. O povo no poder". Suas aspirações democráticas não seria cumprida até anos mais tarde, mas um dos jovens brasileiros no movimento daquela geração continuaria a mudar para sempre a história desta nação. Filho de imigrantes, a sua participação no movimento levou à sua prisão, prisão e tortura nas mãos de seu próprio governo. E assim, ela sabe como é viver sem os mais elementares direitos humanos que muitos estão lutando para ter hoje. Mas ela também sabe o que é a perseverança. Ela sabe o que é vencer. Porque hoje, é a mulher que é presidente da sua nação, Dilma Rousseff.’