Por: Riselda Morais
O caso do assassinato de Eliza Samúdio,ex amante do goleiro do Flamengo, Bruno, em que segundo um menor de 17 anos primo de Bruno, foi assassinada, desossada, teve a carne jogada para os cães e os ossos concretados, é lamentavelmente apenas mais um entre 40.000 assassinatos de mulheres, vitimas de companheiros nos últimos 10 anos. Diariamente, cerca de 10 mulheres são assassinadas no Brasil e 352 mulheres são vítimas de violência, valendo lembrar que estes são os casos em que há registros, já que muitas mulheres sucumbem ao sofrimento, silenciando sua dor por motivos que a maioria das vezes, são ameaças a vida dos filhos, dos pais e a dela.
Depois da lei Maria da Penha as mulheres se encorajam mais a denunciar seus agressores,mas muitas recuam em seguida, retiram a queixa crime ao perceberem que o agressor não fica detido, geralmente é averiaguado e solto depois de algumas horas e quando há algum tipo de punição, nada mais é, do que a doação de algumas cestas básicas, isto coloca a vida da mulher em uma situação ainda maior de perigo, já que o indivíduo além de violento agora está enraivecido e com desejo de vingança.
Nos últimos meses o aumento da procura pelos serviços de defesa de mulher foi de95,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), registrou 271.719 atendimentos, de janeiro a maio de 2010 - um aumento de 95,5% em relação aos primeiros cinco meses de 2009 (138.985).
Houve nesse período 51.354 relatos de violência. Desse total, 29.515 foram casos de violência física; 13.464 de violência psicológica; 6.438 de violência moral; 887 de violência patrimonial; 1060 de violência sexual, 42 situações de tráfico e 207 casos de cárcere privado.
O relatório desse ano trás informações inéditas entre as quais, 39,8% declararam que sofrem violência desde o inicio da relação, 38% disseram que o tempo de relação com o agressor é acima de 10 anos e 71,7% residem com o agressor.
Outra novidade é a relação dos filhos nessa situação, 68,9% presenciam a violência e 15,6 sofrem violência. Em 56% dos relatos, as agressões acontecem sem o efeito ou nem sempre do uso de álcool ou drogas.
A maioria das mulheres que buscam a Central são negras (58,2%), têm entre 20 e 45 anos (62%), estão casadas ou em união estável (68,3%) e possuem nível médio (28,9%) de escolaridade. A maioria dos agressores são negros (59,5%), têm entre 20 e 55 anos (88%), e possuem nível médio (22,5%) de escolaridade.
A SPM acredita que o aumento da procura pelos serviços da Central 180, nesses primeiros meses de 2010, deve-se a veiculação em rede nacional da campanha institucional 'Uma vida sem violência é um direito de todas as mulheres', realizada no final do ano passado, bem como, a maior divulgação da Lei Maria da Penha.
Criada em 2005 pela SPM e parceiros, a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 é um serviço de utilidade pública que presta informações e orientações sobre onde às mulheres podem recorrer caso sofram algum tipo de violência. O atendimento funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados.