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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Onde estão nossas crianças?

Brasil tem média de 50 mil crianças desaparecidas por ano

Riselda Morais

   “É uma dor tão grande... que eu não sei explicar o quanto ela dói. Só sei que dói muito, é uma dor tão grande que me deixa sufocada”, diz a mãe de uma criança desaparecida em 2017 que nunca foi encontrada.

    Tamanha dor é sentida por milhares de famílias que perdem suas crianças anualmente em nosso país. 

     Segundo informações do S.O.S Crianças Desaparecidas, mais de 50 mil crianças desaparecem no Brasil todos os anos e estima-se que quase 250 mil crianças e adolescentes estejam desaparecidas.

    Segundo dados do UNICEF, no mundo, desaparecem mais de 2,2 milhões de crianças, sendo que 1,2 milhões são vítimas de tráfico humano.

    Para alertar as pessoas sobre as questões relacionadas ao desaparecimento de crianças e adolescentes, é celebrado no dia 25 de maio, o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Neste dia são realizadas várias atividades que visam mobilizar a população na tentativa de esclarecer os desaparecimentos e encontrar essas crianças.

As preocupações, as dores e as dúvidas das milhares de famílias que tem um familiar desaparecido são inúmeras.  As possibilidades também. 

- Foi uma fuga?.
- Um rapto?. 
- Um crime?.
- Pedofilia?. 
-Tráfico de seres humanos ou de órgãos?. 
-Prostituição?. 

Muitos adolescentes fogem de casa para fugir da violência doméstica ou por estarem envolvidos com drogas. Mas um dos principais motivos que leva ao desaparecimento de crianças é o tráfico, realizado por quadrilhas que negociam seres humanos como se fossem mercadoria. 

     Segundo a ONU, 90% das vítimas são do sexo feminino, das mais variadas faixas etárias, incluindo crianças e adolescentes, para serem usadas em diversos fins, venda de órgãos, trabalho escravo, prostituição ou adoção ilegal. 
    Ainda segundo dados da Organização das Nações Unidas, o tráfico internacional de pessoas, movimenta entre US$ 7 e US$ 9 bilhões por ano. 

     O Brasil registra cerca de 8 desaparecimentos de pessoas, por hora e, entre os países da América Latina, é um dos mais vulneráveis para o tráfico de pessoas. Tem legislação fraca, quase não se pede documentos de crianças durante viagens e tem  fronteiras pouco fiscalizadas.  

       Segundo dados da Pestraf - Pesquisa Sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual - o crime organizado utiliza pelo menos 109 rotas entre municípios e Estados brasileiros para o  tráfico interno de pessoas e 131 rotas terrestres, marítimas ou aéreas para traficar mulheres, crianças e adolescentes brasileiras para países estrangeiros.

Para minimizar as chances de ter sua criança desaparecida ou você se tornar vítima do desaparecimento ou do tráfico, é importante tomar  alguns cuidados.

- Ensine a criança o nome completo dela, dos pais, telefone, endereço.

- Nunca deixe a criança brincar ou andar sozinha na rua, na praça, no parque sem a supervisão de um adulto.

- Nunca deixe a criança sozinha em casa e nem deixe a porta aberta, ela pode aproveitar um descuido e sair. 

- Ensine a criança a não falar com estranhos e não aceitar balas, doces, presentes de desconhecidos.

- Ensine a criança que caso se perca nas ruas, para  procurar um policial, uma viatura e  pedir ajuda.

- Ensine a criança ligar 190 e  explique em que situações ela pode ligar.

- Se alguém parar o carro e fizer perguntas não se aproxime e nem entre no veículo.

- Em locais movimentados como shoppings, ruas e aeroportos segure firme na mão da criança, não largue e não se percam de vista.

- Em shows e na praia coloque pulseirinha com a identificação da criança e marque um ponto de encontro de fácil identificação caso se percam de vista, mas não a deixe sozinha.

- Monitore as conversas da criança nas redes sociais, nelas existem muitos aliciadores e pedófilos se fazendo passar por outras crianças.

- Se for adolescente, evite sair sozinho(a) e avise sempre aos pais onde vai e com quem. Se entrar em apuros ligue 190 ou procure um policial, uma viatura ou uma delegacia.

- Quando uma criança ou uma pessoa desaparecer, nunca espere 24 horas para poder fazer o Boletim de Ocorrência. Em 24 horas a fronteira já pode ter sido atravessada; a pessoa já pode estar em outro Estado ou morta; os órgãos já podem ter sido retirados; ela já pode ter sido estuprada, enfim, pode ser tarde demais.


- Se suspeitar que uma criança está perdida ou que uma pessoa está sendo traficada. Chame a polícia!

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

No Brasil, 7 milhões de estudantes têm dois ou mais anos de atraso escolar, alerta UNICEF

Riselda Morais

UNICEF
     Nem todos os estudantes brasileiros que tem acesso a escola, tem acesso a qualidade na educação, e muitas crianças são privadas de outros direitos constitucionais, além de não ter assegurados os direitos de aprender e de se desenvolver na idade apropriada.  Sem uma boa trajetória no aprendizado, estas crianças e adolescentes estão fadadas ao fracasso escolar desde os primeiros anos do ensino fundamental.
     Dos 35 milhões de estudantes matriculados no ensino fundamental e no ensino médio, quase 5 milhões de crianças do ensino fundamental e mais de 2 milhões de adolescentes do ensino médio têm dois  ou mais anos de atraso escolar. São adolescentes que foram reprovados ou evadiram e voltaram em uma série não correspondente a idade, mostra o documento Panorama da Distorção Idade-Série lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), nesta quarta-feira (29). 
“Estar na escola não é suficiente. Garantir o direito à educação significa ofertar oportunidades reais de aprendizagem relevante para todos, sem deixar ninguém para trás. Os mais afetados pelo atraso escolar são meninas e meninos vindos das camadas mais vulneráveis da população, já privados de outros direitos. Por isso, é urgente desenvolver estratégias específicas para alcançar esses diferentes grupos populacionais”, ressalta a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.
A UNICEF alerta que estas crianças, são das camadas mais vulneráveis da população e  estão atados ao fracasso escolar e correndo o risco de exclusão, mais propensos a abandonar a escola para entrar no mercado de trabalho de modo precário e prematuro.
“A distorção idade-série é um fenômeno cumulativo que tem início nos primeiros anos do ensino fundamental e se arrasta por toda a trajetória escolar de meninas e meninos, que vão sendo deixados para trás. Uma parcela deles deixa de frequentar a escola já no ensino fundamental, outra alcança o ensino médio com muitas dificuldades de aprendizagem e muitos não conseguem concluir a jornada escolar com qualidade e na idade esperada”, diz o documento.
    Segundo a legislação, as crianças devem, obrigatoriamente, ingressar na escola infantil aos 4 anos de idade, aos 6 anos no ensino fundamental e aos 15 anos no ensino médio.
Segundo o Censo Escolar 2017, os índices de distorção-idade série atinge 12% dos alunos no início do ensino fundamental, 26% nos anos finais do ensino fundamental e 28% no ensino médio. 
    Os dados mostram ainda que os pontos mais críticos são no 3º e no 6º ano do ensino fundamental e no 1º ano do ensino médio, coincidindo com o final do ciclo de alfabetização, a mudança da sala de aula unidocente para a multidocente, a transferência da gestão municipal para a estadual.
     Segundo a UNICEF em todo o país foram identificados municípios com até 61% de estudantes com atrasos escolares na educação básica. Apesar das regiões mais atingidas ser a Norte e a Nordeste, há municípios do Rio de Janeiro, no Sudeste do país que apresenta níveis próximos aos do Maranhão.
    Nos anos iniciais do ensino fundamental, o País tem mais de 1,8 milhão de estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental com dois ou mais anos de atraso escolar. Isso representa 12% das matrículas nessa etapa de ensino. 
    Norte e Nordeste são as regiões que têm os indicadores mais preocupantes, respectivamente: 19% e 17% de taxa de distorção idade-série. 
    O Pará é o Estado que concentra a maior taxa de estudantes com dois ou mais anos de atraso escolar, 23%, seguido por Amapá e Acre, com 22%, e Bahia e Sergipe, com 21%. 
Com 4%, Minas Gerais possui a menor taxa do País nessa etapa, seguido por São Paulo e Mato Grosso, com 5%.
     Nos anos finais do ensino fundamental – do 6º ao 9º ano, são 3,1 milhões de meninas e meninos com dois ou mais anos de atraso escolar. Eles representam 26% dos estudantes matriculados nessa etapa de ensino. Os índices são maiores no Norte (36%) e no Nordeste 34%). O Estado com índices mais altos é Sergipe, com 43%, seguido por Bahia e Pará, com 41%, e Alagoas e Rio Grande do Norte, com 38%. Além deles, três Estados de outras regiões chamam a atenção pelas altas taxas: Rio de Janeiro (31%), Mato Grosso do Sul (32%) e Rio Grande do Sul (31%). Mato Grosso e São Paulo são os Estados que possuem as menores taxas de distorção idade-série, com 10% e 11%, respectivamente.
     No ensino médio são mais de 2,2 milhões de meninos e meninas, o que corresponde a 28% dos estudantes matriculados nessa etapa de ensino. 
A distorção idade-série é mais elevada no Norte e Nordeste, com 41% e 36%, respectivamente. Sul e Centro-Oeste contam com uma taxa de 26%, e o Sudeste, com 21%. 
     O Estado com maiores índices de distorção idade-série é o Pará, com 47%, seguido por Bahia, com 44%, Rio Grande do Norte e Sergipe, com 43%, e Amazonas, com 42%. 
     O Estado com os menores índices é São Paulo, com 13%, seguido por Paraná, Santa Catarina e Goiás, com 23%.
     As redes estadual e municipal são responsáveis pela maior parte das matrículas de ensino fundamental no País. Elas representam 81,6% das matrículas nos anos iniciais e 85% nos anos finais.      Já no ensino médio, a grande maioria das matrículas está nas redes estaduais, responsáveis por 84,5% do total.
      Por gênero, as taxas entre os meninos são de 14,7% nos anos iniciais do EF, 30,9% nos anos finais do EF e 32,1% no ensino médio. Enquanto as meninas apresentam atrasos de 9,0% nos anos iniciais, 20,7% nos anos finais e 24,6% no ensino médio. Fatores como gravidez na adolescência, trabalho doméstico e o casamento precoce estão associados ao atraso e abandono escolares, especialmente de meninas.
    Garantir a todos uma trajetória escolar bem-sucedida é um dever social de cada cidadão e também um esforço coletivo do País. Para a construção de trajetórias de sucesso escolar a UNICEF recomenda: 
- Realizar diagnósticos no município e na escola.
- Olhar para as necessidades de cada criança e cada adolescente.
- Desenvolver currículos específicos, centrados nos estudantes.