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terça-feira, 28 de maio de 2013

Cultura da violência: “A Virada”

Por: Riselda Morais

            A Cultura da violência se sobressaiu na Virada Cultural 2013.O que deveria ser um mega evento com duração de 24 horas, tendo início as 18hs do sábado (18/05) as 18 hs do domingo (19/05), com cerca de 900 atrações realizando apresentações de shows musicais, de filmes, peças, shows de humor e dança espalhados em 25 palcos pelo centro da cidade, Sescs e espaços culturais da cidade, com um  custo aos cofres públicos de R$ 10 milhões, sendo cerca de 60% deste valor gasto com cachês de artistas como Billy Cox que recebeu um cachê de R$ 186 mil, além de pagamento de passagens, custos de vistos, refeição, entre outros conforme despesas publicadas no Diário Oficial da Cidade de São Paulo do dia 23, transformou-se em um lamentável espetáculo de violência provocado por pessoas que tomam a inversão de valores, a disseminação de violência na sociedade como algo natural.
            Estima-se que quatro milhões de pessoas tenham participado do evento, até que elementos individualistas e agressivos que tornaram seus defeitos em “traço comum “, alcoólizados e drogados, passaram a praticar crimes dos mais diversos tipos, entre eles arrastões, assassinatos, tentativas de assassinatos, roubos e furtos de bolsas, carteiras e celulares, vandalismo e tráfico de drogas.
            As barbáries se diversificaram de forma absurda, grupos ocuparam o telhado de uma escola, outro subiu na escultura de Júlio Prestes, teve quem preferiu mirar uma pistola de raio laser no rosto do cantor Lobão e outros que preferiram atirar latas de cerveja nas atrações. Outros optaram por ovacionar a Cantora Daniela Mercury, entre outras ações realizadas em outros palcos, e fora deles com pessoas públicas ou anônimas.
            A ignorância foi além da violência. Como reconhecer um maestro durante uma “Virada Cultural” não é mesmo, “ambiente ou lugar inapropriado talvez “?  por isto o segurança da “Sala São Paulo”, empolgado com o funk e o rap do Palco Julio Prestes, barrou o maestro João Carlos Martins e seus músicos que tentavam entrar para realizar um concerto. Não seriam estes músicos que deveriam estar no palco principal?. 
            O PM Tiago Biagi, que determinou a abertura do portão para a entrada do maestro escreveu: “O que pude ver foi a total degradação de nossos valores, onde cultura foi um termo que 90% dos presentes jamais saberá o que significa. Em meio a palcos de Música eletrônica, funk e rap, se amontoavam pessoas, na sua maioria adolescentes, praticamente em coma, em meio a bebidas e drogas. Agiam como se não houvesse limites ou leis. “, desabafou.
            É inaceitável a idéia de alguém se esfaqueando, se drogando, roubando, enquanto uma “Companhia de Balé “se apresenta, uma orquestra toca. O resultado final, segundo o Balanço da Virada Cultural... não, não foram pessoas mais cultas, respeitando e admirando mais quem vive da arte, quem oferece alegria e diversão. Foram 1.883 atendimentos, com 262 remoções tendo como principais causas intoxicação por álcool e drogas, 2 óbitos, um homem de 21 anos vítima de parada cardiorrespiratória, com suspeita de overdose e um de 19 anos baleado no rosto; 2 internados em estado grave, um homem de 40 anos, por overdose e outro de 17 anos, baleado no tórax. 4 feridos por arma de fogo e 6 feridos por armas brancas (facas); 12 arrastões; 28 pessoas detidas e 9 adolescentes apreendidos, além de 15.586 produtos apreendidos por comércio ilegal e 795 sacos de bebidas alcoólicas sem procedência. Como não poderia ser diferente, foram recolhidas 459,4 toneladas de lixo resultantes da Virada.
            A Cultura da Violência trouxe para a sociedade a banalização dos atos de violência, o egoísmo e o desprezo ao conhecimento, a arte, a moral, a lei, aos costumes, a educação, a benevolência, a generosidade, aos valores e as virtudes, cultivando o individualismo e pronunciando apenas o “Eu “, “eu quero “, “eu faço “, “eu tenho “e esquecendo-se do coletivo, do “Nós “, que vem para agregar valor à pessoa, a sociedade.