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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Doenças causadas por poluição do ar, podem matar, por ano, 6,4 mil pessoas na grande São Paulo e 9 milhões de pessoas no mundo

Segundo estudo, em todo o Estado de São Paulo, estima-se que até 2030, haverá 250 mil mortes precoces e 1 milhão de internações hospitalares devido a má qualidade do ar!

Foto e texto: Riselda Morais



    Olhar a capital paulista e ver a cidade coberta pela poluição provocada pelos gases poluentes emitidos por milhões de veículos, principalmente pelos caminhões, responsáveis pelo transporte de cargas e pelos ônibus, que fazem o transporte de passageiros, já faz parte do cotidiano dos moradores e isto tem um preço alto à saúde de população e aos cofres públicos.
    Alguns dias sem chover na capital paulista e o número de crianças e idosos nos prontos-socorros com problemas respiratórios se multiplicam, isto todos nós já sabemos. Mas os danos causados à saúde devido a poluição do ar, vai muito além das doenças respiratórias, pode causar AVC, doenças cardiovasculares e até câncer de pulmão.
    Segundo informações de um estudo sobre a poluição, divulgado na quarta-feira (24) pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade e a Escola Paulista de Medicina, se a poluição na       Grande São Paulo continuar como está hoje, até 2025, mais de 51 mil pessoas terão morrido por doenças provocadas pela má qualidade do ar.
Este número representa, 18 mortes por dia e 6,4 mil mortes por ano, só na Grande São Paulo, território que inclui a capital paulista e mais 39 municípios.
    Segundo os médicos da Associação Paulista de Medicina, até 2025, diariamente, pelo menos 11 pessoas deverão dar entrada nos hospitais com doenças respiratórias, cardiovasculares ou câncer de pulmão.
     O estudo prevê que, os gastos com as doenças causadas pela poluição do ar, cheguem a 22 bilhões nos próximos 8 anos.
     No que se refere a todo o Estado de São Paulo, área que subdivide-se em 645 municípios, o estudo estima que até 2030, haverá 250 mil mortes precoces e 1 milhão de internações hospitalares, com dispêndio público de mais de R$ 1,5 bilhões por ano.
Além da capital paulista, entre as cidades mais poluídas do Estado de São Paulo, estão: Santa Gertrudes, Cubatão, Rio Claro, Osasco, Cordeirópolis, Piracicaba, Americana, Catanduva, Paulínia e Bauru.
     Os pesquisadores alertam que, a poluição em São Paulo, mata duas vezes mais do que acidentes de trânsito, cinco vezes mais do que câncer de mama e sete vezes mais do que a AIDS. Para chamar a atenção das autoridades para que os padrões nacionais de qualidade de ar e os limites de emissão de poluentes sejam revistos a Associação Paulista de Medicina lançou o manifesto “Um minuto de ar limpo”.
    Outro importante alerta sobre a poluição no Brasil, foi dado pela Federação Mundial de Neurologia, que através da campanha “Ar limpo para a saúde do cérebro”, enfatizou os prejuízos da poluição do ar a saúde da população.
    O estudo Global Burden of Disease, realizado em 188 países, concluiu que o ar poluído é responsável por 30% dos casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e que é fator de risco para as doenças vasculares, assim como a Doença de Parkinson e de Alzheimer.
Estimativas mundiais atribuem 9 milhões de mortes anuais aos problemas causados pela contaminação do ar.
    Os cientistas explicam que “a poluição também aumenta a agregação plaquetária e diminui a oxigenação do cérebro” e confirma que “os poluentes entram no corpo através dos tratos respiratório e alimentar, causando respostas inflamatórias subliminares e atingindo o cérebro através da corrente sanguínea ou do sistema respiratório superior. O dano resultante à microbiota intestinal também pode ter um impacto no cérebro”.
“No Brasil, temos cerca de 220 mil novos casos de AVC por ano. Do total, aproximadamente 90 mil vão a óbito, 20% ficam com sequelas graves e outros 20%, sequelas moderadas”, informa o diretor científico da ABN (Academia Brasileira de Neurologia), o neurologista Rubens Gagliardi. Ele explica também que o ar poluído aumenta a pressão arterial, “que é a principal causa do AVC”.
    Ocupando a 44ª posição no ranking de países mais poluídos do mundo e um dos que mais contribuem para o aquecimento global, por emitir grandes quantidades de compostos químicos como ácido nítrico, dióxido e monóxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio, o Brasil tem cidades com até 64 microgramas de poluentes por metro cúbico de ar. Volume 3,2 vezes maior que a quantidade de poluentes considerada aceitável por metro cúbico de ar, que segundo a Organização Mundial da Saúde, é de 20 microgramas.
    Ainda segundo informações da Organização Mundial da Saúde, a poluição do ar mata 50 mil brasileiros por ano e no mundo, nove de cada dez pessoas respira ar poluído.
     Em Estados como São Paulo, com o maior número de cidades poluídas do Brasil e do Rio de Janeiro que é a cidade com o maior nível de poluição, o grande desafio é como combater a poluição de forma eficaz nos grandes aglomerados urbanos. Os estudos alertam para a importância da população mudar seus hábitos e dos governos investirem em estratégias e políticas públicas para reduzir a poluição, com foco na limpeza da atmosfera, pois os impactos ambientais causados pelo homem geram consequências mundiais para a saúde da população e do planeta.