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terça-feira, 30 de maio de 2017

“Cracolândia” um problema de segurança, social e de saúde pública

Riselda Morais

         A operação na cracolândia deflagrada no domingo (21) pelo Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo contou com o apoio das Policias Civil e Militar e terminou com 53 detidos.
Há anos a cracolândia é o submundo da capital paulista, local de onde o cidadão comum foge, tem medo de passar pelas ruas próximas e onde as pessoas viciadas se suicidam aos poucos através do vício das drogas. Um problema crônico, social, de segurança e de saúde pública. As recentes ações fazem parte do Programa Redenção da Prefeitura, sob a gestão do Prefeito João Doria.
Programas anteriores não tiveram sucesso. O primeiro foi o “Nova Luz” criado na Gestão de Gilberto Kassab cujo objetivo foi oferecer incentivos fiscais as empresas da região. O segundo programa foi o “De braços Abertos” criado em 2014 pelo prefeito Fernando Haddad com base em um acordo com os moradores de 147 barracas da rua Helvetia e Dino Bueno. O programa que foi finalizado na gestão atual ofereceu moradia aos usuários em sete hoteis com três refeições diárias e oportunidade de trabalho ganhando R$ 15,00 por dia, além de tratamento contra o vício com acompanhamento. Entre as 513 pessoas beneficiadas a redução do consumo de drogas foi reduzido de 50% a 70%. Foram cadastrados 307 homens, 169 mulheres e 37 crianças, destes 49 atuaram em frentes de trabalhos, 260 em serviços de varrição e 25 no projeto “Fábrica verde”.
Cinco dias depois da ação do Programa “Redenção” a cracolândia deixou de ocupar o quadrilátero formado pelas ruas Helvétia, Barão de Piracicaba, Duque de Caxias e Alameda Cleveland, se espalhou por 23 lugares na região central, do Minhocão à Avenida Paulista.O fluxo na praça Princesa Isabel e na praça da Sé dobrou de tamanho e tem agora a maior concentração de usuários de drogas. 
Na tarde da segunda-feira (22), o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, compareceu ao Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico  (Denarc) para parabenizar os policiais que comandaram a ação.
“Estou aqui para parabenizar as nossas forças, a Polícia Civil e a Militar, pelo excelente trabalho que foi feito na data de ontem. Um trabalho extremamente bem planejado, que fez com que tivéssemos uma operação bem sucedida, sem nenhum dano colateral grave em relação à integridade física de qualquer um dos envolvidos, sejam os usuários de entorpecentes, os traficantes ou os policiais que participaram da ação”, ressaltou Mágino.
Segundo o diretor do Denarc, Ruy Ferraz Fontes. Dos 53 detidos, 48 eram traficantes, dois foram presos pela Polícia Militar por roubarem uma padaria e três são adolescentes que foram apreendidos também por tráfico. 
Ainda segundo o diretor do Denarc que apresentou o relatorio, as investigações começaram em outubro, um mês após outra operação realizada no local, e contaram com a participação de um policial civil infiltrado, que filmou os varejistas por cerca de 30 dias agindo dentro de suas barracas.  
Além das prisões, foram apreendidos 12,3 quilos de crack, 6,5 kg de maconha, 655 gramas de cocaína, 6g de haxixe, 18g de ecstasy, dois micropontos de LSD, 2 kg de lança-perfume, além de R$ 49.611,35, dois revólveres e três pistolas. 
Participaram da ação 976 agentes, sendo 480 policiais civis do Denarc, Decap (GOE), Demacro (Garra), Deic (Garra/GER) e helicóptero Pelicano (SAT) e 496 policiais militares do patrulhamento da área e dos batalhões do Comando de Choque (CPChq), além do helicóptero Águia (GRPAe). 
O policiamento na Cracolândia e entorno ganhou um reforço de 80 policiais militares, além dos 120 que já atuam na área. O efetivo de reforço veio do Caep (Companhia de Ações Especiais de Polícia) e do Choque – Cavalaria e Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam). 
Muito criticada por uns e aplaudida por outros, a ação do Programa Redenção tem médicos, o Ministério Público e a Defensoria contra a internação compulsoria dos viciados, além disso, a secretária de Direitos Humanos Patrícia Bezerra, que era vereadora pelo PSDB, entregou o cargo por discordar das operações na cracolândia.
Na noite da sexta-feira (26) a Justiça autorizou a prefeitura de São Paulo a levar usuários de drogas compulsoriamente para o médico, se o médico considerar necessária a internação compulsória, é preciso uma autorização judicial, procedimento que já é adotado.  A decisão é do juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, Emílio Migliano Neto, que atendeu o pedido de tutela antecipada da prefeitura. 
No domingo(28) o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) cassou a liminar que autorizava a busca e apreensão de usuários de drogas da Cracolândia . A PMSP pretende recorrer.